quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

Os Desafios Logísticos Brasileiros

4 ModaisO mercado de logística brasileiro ainda é novo, bastante fragmentado e em processo de consolidação. A grande dificuldade é o excessivo número de empresas transportadoras, que deveriam entrar em processo de fusão, reduzindo o número de players e ganhando musculatura para realizar melhores negócios. Segundo Dias (2011), futuros e necessários investimentos devem ampliar a rede rodoviária, ferroviária e aquaviária, melhorando a matriz de transporte brasileira, hoje totalmente, conforme exposto, estruturada nas rodovias. Avaliar a competitividade de cada modal, suas aplicações e eventual utilização empresarial podem aumentar as opções de distribuição dos produtos e reduzir custos de todo o processo logístico.


Segundo Hara (2011), o modo de transporte de cargas no Brasil é de suma importância para a exportação de produtos agroindustriais, assim tem-se, o investimento em novos corredores de exportação, como o Centro Logístico Integrado para escoar produtos para exportação em São Sebastião, litoral paulista, provenientes principalmente das regiões de Campinas e do Vale do Paraíba, com investimentos previstos em mais de R$ 1,0 bilhão. 

Segundo Caixeta Filho (2009) as expectativas do mercado em relação a logística são:
  • Aumento do valor dos fretes rodoviários (e melhor nível de serviço);
  • Estratégias mais eficientes voltadas para a manutenção sistemática das rodovias;
  • Diminuição dos valores dos fretes ferroviário e hidroviário;
  • Resgate da credibilidade das ferrovias (perdida durante o período de monopólio público);
  • Expansão das atividades de cabotagem;
  • Aumento da capacidade e da eficiência dos terminais aeroportuários;
  • Consolidação do modelo intermodal de transporte em áreas mais remotas (Norte e Centro-Oeste);
  • Expansão do sistema de armazenamento.
Hara (2011) acrescenta, apontando como providências imediatas, sejam com investimentos públicos ou privados, como alternativas para minimizar o colapso logístico:
  • O Porto Franco (MA) como ponto de convergência;
  • Creditar armazéns em Porto Franco;
  • Lançar contrato de opção de milho para entrega em imperatriz e Itaqui (MA) e Formoso do Araguaia (TO);
  • Investir no armazém de Itaqui (MA);
  • Aumentar a capacidade armazenadora a nível de propriedade rural, proporcionando um escoamento contínuo da safra durante o ano;
  • Investimentos em armazenagem intermediária;
  • Investimentos no corredor de exportação (rodovia, ferrovia, hidrovias e unidades portuárias).
Hara (2011) exemplifica a questão de corredores de escoamento, intermodalidade, infraestrutura e planejamento como um mecanismo de redução de custos, prazos e otimização logística: um sistema multimodal permite que a soja produzida no Centro-Oeste brasileiro seja retirada por caminhões e transportada até um terminal da hidrovia em São Simão (GO). O produto é transportado em barcaças pela hidrovia até o terminal de transbordo para ferrovia, em Colômbia (SP). Desse terminal, o produto atinge o Porto de Santos, via ferrovias no estado de São Paulo. É exportado e chega a seu destino por transporte marítimo, reduzindo os custos com fretes rodoviários.

Dias (2011), em linhas gerais, sinaliza possíveis melhorias a serem tomadas para cada um dos modais:
Rodoviário:
Caminhões em fila
  • Melhoria nas carrocerias de modo a adaptaram-se a outros tipos de transporte (interface multimodal);
  • Melhoria nos sistemas semiautomáticos de cargas e descarga;
  • Aumento no uso de contentores e pallets standard;
  • Implantação de sistemas de localização por GPS;
  • Uso de sistemas de comunicação de rádio e satélite;
Ferroviário:
Trem
  • Aumento da velocidade de trajeto e das cargas/descargas;
  • Comboios mais frequentes;
  • Melhoria de equipamento dos terminais;
  • Uso de sistemas de informação que permitam melhorar o controle das frotas ferroviárias e programação de rotas;
Aquaviário:
Navios
  • Associação a sistemas de armazenagem em terminal;
  • Melhor funcionamento sempre que inserido em plataformas multimodais;
Dutoviário:
Dutos
  • Sistemas de construção por módulos e mais rápidos;
  • Sistemas de controle e observação de avarias e contaminações;
Aeroviário:
Aviões
  • Melhor adaptação ao multimodal, transportando partes de veículos rodoviários;
  • Sistemas informatizados mais sofisticados para a gestão das capacidades de transporte;
  • Melhoria de cargas e descargas em terminais.
Conclusão
É importante repensar toda a matriz de transporte, focando nas reais necessidades logísticas do país, buscando o balanceamento das forças de cada modalidade, buscando reduzir custos, prazos e otimizando processos, fazendo face, inclusive, ao mercado cada vez mais competitivo e o cenário mundial que o Brasil buscar alcançar. É hora, portanto, de reagir e estabelecer um plano estratégico para a reinserção do Brasil no comércio exterior, de assumir grandes desafios e entrar de vez “nos trilhos”.

É imprescindível que o governo invista em infraestrutura, e embora louváveis a atual iniciativa com o PAC 2 (Programa de Aceleração do Crescimento), tendo sido lançado em 2010 e que prevê recursos da ordem de R$ 1,59 trilhão em principalmente em infraestrutura de transportes, ainda são muito pouco para atualizarem toda a defasagem de décadas de abandono pela mesma administração pública.

A parceria privada também é muito importante, pois além dos pesados investimentos que o setor de transporte precisa, é exatamente o setor privado o principal utilizador dessa infraestrutura e, portanto, aquele que deve mais cobrar pelo efetivo crescimento.
Porto
No setor rodoviário são necessárias medidas como a pavimentação (de qualidade) de grande parte das vias, traçar novas vias de uso exclusivo para transporte de cargas, uma melhor regulamentação do setor focando a segurança do condutor (como fiscalizações mais severas sob os horários de direção, e contra furtos), sinalizações eficientes, construção de arcos/anéis rodoviários desobstruindo o trânsito urbano acelerando o transporte de cargas e criação de pontos de descanso dos motoristas.

Ampliar a malha ferroviária, diminuir ou eliminar a competição predatória do rodoviário contra o ferroviário, investir em novos terminais ferroviários, conter invasões, padronizar bitolas, construção de estações intermodais com portos e hidrovias, investimento como opção no transporte de passageiros em aéreas urbanas, desobstruindo o trânsito nas grande cidades, conexões com ferrovias nacionais e internacionais e aquisição de novos comboios e vagões são alguns pontos nesta modalidade.

No modal aquaviário é necessário investir na expansão dos portos existentes e ainda construção de novos para atender a crescente demanda não só brasileira, mas de países latinos vizinhos, pontos de ligação com outros modais, dragagem do solo submarino para aumento do calado atendido, utilização dos rios navegáveis para passageiros e transporte de cargas (naqueles onde há algum tipo de obstrução como usinas hidroelétricas construção de eclusas de passagem), mudança e adequação tecnológica dos portos, desburocratização dos processos de nacionalização das cargas importadas.

No setor dutoviário é importante que se avance o uso como opção de transporte de combustíveis e gazes, inclusive aos postos, reduzindo custos e riscos inerentes ao processo, optar pelo sistema de coleta de lixo (como feito em cidades europeias, como Barcelona) e a intercomunicação com outros modais, como o aquaviário, favorecendo o comércio exterior.

E finalmente no setor aéreo é importante que se invista urgentemente em novos aeroportos para suprir e atender a crescente e saturada demanda de passageiros e de cargas e ainda: maior fiscalização nos processos das empresas embarcadoras para prover maior segurança, construção de pistas maiores para atendimento de aeronaves de grande porte, reforma e renovação tecnológica dos atuais terminais de cargas e de passageiros, reestruturação e renovação tecnológica dos CINDATAs e elos de ligação com o rodoviário e ferroviário, favorecendo tanto a movimentação de passageiros como de cargas aos centro urbanos e linhas de produção.

Se observados todos estes aspectos o país estará dando passos largos à um real cenário de desenvolvimento sustentável.

Bibliografia:
1.    CAIXETA-FILHO, José Vicente; MARTINS, Ricardo Silveira.(Organizadores) Gestão Logística do Transporte de Cargas. São Paulo: Atlas, 2009.
2.  DIAS, Marco Aurélio. Logística, Transporte e Infraestrutura. São Paulo: Atlas, 2012.
3.   HARA, Celso Minoru. Logística: Armazenagem, Distribuição e Trade Marketing.  4ª ed. Campinas: Editora Alínea, 2011.
Confira estes post também: As Funções do Transporte no Setor Logístico, Utilize Corretamente o Transporte Rodoviário de Cargas e Os Gargalos da Intermodalidade no Brasil

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