domingo, 19 de fevereiro de 2017

Sobre os Custos Relativos aos Processos Logísticos

Custos da Logística de Abastecimento Conforme cita o Instituto dos Contadores Gerenciais (IMA, 1989), via de regra, os chamados custos de obtenção, que estão associados ao processo de compra, tais como: custos de transportes, seguros e embalagens, entre outros, são incorporados aos materiais adquiridos. Usualmente, no Brasil, a maioria dos fornecedores embute em seu preço os Custos Logísticos associados aos subprocessos de Armazenagem/Movimentação de materiais e Transporte.
Custos

O custo de transporte, por exemplo, é um dos maiores problemas na identificação dos Custos Logísticos de Abastecimento, no Brasil. A maioria das empresas não tem a informação do frete de compra segregada do valor do material (que é contabilizado no Estoque - Ativo), pois a maioria dos fornecedores de materiais nacionais não destaca essa informação na nota fiscal e. quando esta informação existe, encontra-se na área de Compras, pois muitos materiais são adquiridos com preços negociados, incluindo o valor de frete e seguros, dependendo dos termos da negociação. Se estivéssemos analisando os custos da cadeia de suprimentos como um todo, haveria a necessidade de o fornecedor compartilhar esses custos, para que pudessem ser adequadamente gerenciados.

Nos EUA, os fretes de compra são tratados como despesas dedutíveis no resultado do período, e não no Estoque - Ativo. Se existe a intenção de apurar os Custos Logísticos Totais, o frete incidente sobre as operações de obtenção deve ser identificado.
Uma das alternativas para a identificação do valor do frete de compra, na ausência da informação por parte do fornecedor, é a implantação do Milk Run na obtenção dos materiais, podendo indicar que haja desconto no custo do material a ser compensado por aumento no custo de transporte (trade-off), mas pode-se economizar na consolidação da carga e na redução de inventário.

O Milk Run é um sistema de coleta e entrega de materiais que os clientes, no intuito de reduzir seus custos, negociam com os fornecedores seus preços, assumindo que, ao invés de o fornecedor entregar o material ao cliente, que, por sua vez, responsabilizar-se-á pelo frete e seguro, irá buscar o material no fornecedor, passando a gerenciar seus custos.

Suas vantagens são: redução de inventário, redução na movimentação do material, eliminação de desperdícios, aumento no controle e na disciplina dos processos, aumento na flexibilidade e velocidade de reação (resposta rápida).
Processos Logísticos

De posse da informação do frete do abastecimento, ao invés de contabilizar o valor dos materiais, incluindo todos os Custos Logísticos, diretamente em uma conta contábil apenas (Estoque de Matéria-Prima), poderiam ser criadas contas contábeis específicas no Plano de Contas da empresa, onde sejam segregados os valores referentes aos Custos Logísticos, tratando·os, preferencialmente, como custos Variáveis.

Os impostos incidentes nas operações de compras, quando recuperáveis (ICMS, IPl, PIS e COFlNS), não são contabilizados no Estoque dos materiais/componentes e, sim, como Impostos a Recuperar (no Ativo), compensados fiscalmente com os Impostos a Recolher (incidentes sobre as vendas). Contudo, apesar de, em termos tributários, serem tratados de forma diferenciada dos outros gastos, a Logística deve receber informações sobre os custos tributários incidentes em suas operações, sejam de abastecimento ou de distribuição, para poder tomar as devidas ações de reduções, tais como: os impostos incidentes nos processos de importação e exportação, nas circulações de mercadorias etc.

Tendo a intenção de segregar os Custos Logísticos do abastecimento por item de materiais e componentes. haveria uma maior dificuldade de identificação, pois, muitas vezes, as empresas negociam suas compras por lotes de materiais, para minimização de custos com otimização de espaços de contêineres, veículos etc. Uma proposta de solução seria a de definir direcionadores de custos para alocar os Custos Logísticos a cada um dos itens de materiais ou componentes.

Uma estratégia usada, atualmente, para otimizar os custos de Recebimento é a Janela de Entrega (Time Windows) que, associada ao Milk Run e JIT, assegura o recebimento das peças em horários pré-determinados, possibilitando a redução do inventário. Esta estratégia consiste no estabelecimento de horários para que os fornecedores possam entregar os materiais negociados com a empresa e tem sido bastante utilizada, por exemplo, pela indústria automobilística no Brasil.

Os  Custos Logísticos Totais pelo modo aquaviário são menores que pelo modo aéreo, basicamente pelo custo do frete internacional no segundo modo. Como o produto é de baixo valor agregado, parece vantajoso optar pelo modo aquaviário. A intenção de destacar este exemplo é a de evidenciar que, quando da decisão de obter um material nacional ou importado, por um ou outro modo de transporte, devem ser considerados dois fatores: (l) o quanto será efetivamente desembolsado (saída do fluxo de caixa); e (2) o custo efetivo, a ser contabilizado no Estoque, e que desconsiderará os impostos a serem recuperados.

Cabe ressaltar, no que tange aos Custos Logísticos relacionados à Logística de Abastecimento, que devem ser levadas em consideração algumas questões:

  1. os níveis de inventários desejados nas decisões de nacionalizar ou importar um certo insumo devem ser planejados, por exemplo, reconhecendo, além dos Custos Logísticos, os lead times, que irão impactar diretamente os Custos de Manutenção de Inventário;
  2. os Custos de Transporte requerem especial atenção, exigindo decisões de modais que impactam, também, os Custos de Manutenção de Inventários;
  3. as ações de Logística devem ser mensuradas, bem como contempladas as possíveis falhas nos processos, requerendo o desenvolvimento de controles, a partir de evidências frequentes dos desvios ocorridos em relação ao que foi planejado na tomada de decisão;
  4. devem ser desenvolvidos comparativos econômicos das fontes de abastecimento, ou seja, os efeitos de obter-se um insumo da Europa ou da China, tanto em termos de manutenção do inventário quanto de ocorrência de Outros custos (custo da cadeia versus giro).

Depois de armazenados, a partir do momento em que os materiais são requisitados para serem utilizados no processo produtivo, passam a incorrer os custos associados à Logística de Planta.

Os elementos de Custos Logísticos que devem estar contemplados à Logística de Planta  incluem, também, os Custos decorrentes de Lotes e os custos com Planejamento, Programação e Controle da Produção (PPCP).

Em termos de redução dos Custos Logísticos, uma alternativa é o JIT (Just in Time), técnica bastante utilizada por empresas industriais, que é constituída por um sistema que sincroniza a entrega das peças pelo fornecedor, conforme a programação e sequenciamento da produção, assegurando o fornecimento com inventário minimizado.

Os custos com Planejamento, Programação e Controle da Produção são gastos inerentes à sincronização das entradas (materiais) para que as necessidades de saídas (produtos) sejam atendidas. Devem considerar os gastos com a mão-de-obra do pessoal responsável por exercer esta atividade, bem como os gastos com os sistemas utilizados (tecnologia de informação). O problema destas atividades é determinar "quando", "onde" e "quanto" deve ser produzido, observadas a capacidade instalada de produção, assim como a de vendas, níveis de inventário, armazenagem, modos de transporte, suas restrições etc.

Os principais custos associados à Logística de Planta, que podem ser visualizados no são: 1 - os custos de manutenção dos inventários de produtos em processo; 2 - os relativos à armazenagem, manuseio e movimentação  dos produtos em processo na planta (mão~de-obra, depreciação de equipamentos, tais como: empilhadeiras, carrinhos, esteiras etc.); 3 -  embalagens e dispositivos de movimentação.

Os níveis de estoque podem ser influenciados pelos sistemas de produção, bem como o inverso também pode ocorrer. Em muitos casos, as mudanças de sistemas logísticos - sobretudo aquelas que diminuem os níveis de estoque - podem criar aumentos significativos nos custos totais de produção, que estão além do controle dos gestores de produção.

Por exemplo, se houver um atraso na entrega de uma peça crítica, ocorrendo uma parada na linha     de produção para atender aos pedidos dos clientes, a fábrica poderá ter que fazer hora extra (custo adicional) para compensar o tempo perdido.

Para que seja realizada a atividade de planejar, programar, bem como controlar a produção, é relevante que sejam revisados o planejamento da demanda, as políticas de inventário, as restrições de recursos e capacidades, levando em consideração, inclusive, mix de produtos, sequenciamento, visando a que não ocorram falhas ou desperdícios no sistema logístico (custos ocultos).

Após o processo produtivo, no caso de uma empresa industrial, quando o produto acabado está disponível para a comercialização, começam a incorrer os custos da Logística de Distribuição.

De forma bastante ampla, todos os gastos incorridos após a fabricação podem ser considerados como custos de distribuição. Os bens e serviços movimentam-se ao longo dos canais de distribuição. Assim, é considerado o quarto "P" (Praça) do composto de Marketing, ao lado do Produto, Preço e Promoção.

A maioria das empresas preocupa-se em classificá-los em Custos Diretos de vendas, despesas com promoção e propaganda, custos de transportes, estocagem e armazenagem e Outros custos gerais de distribuição, pois os consideram como custos relevantes. Não estamos considerando os custos relacionados à atividade de Marketing como Custos Logísticos.


Os Custos de Distribuição, dependendo da decisão a ser tomada, deveriam ser identificados, classificados e acumulados em função dos objetos de custeio relacionados à aplicação do esforço de distribuição (clientes, canais de distribuição, regiões ou produtos).

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Perguntas, dúvidas, opiniões?
Preencha o formulário abaixo e nos envie a sua colaboração.
Em breve ela aparecerá aqui e nós a responderemos!