O Nível de Serviço ao Cliente
está associado ao que se deseja de resposta no próximo elo da cadeia, em termos
de disponibilidade do produto/serviço (inventário), confiabilidade do serviço
(qualidade) e desempenho (velocidade e consistência de entregas). É algo que está sendo acordado
entre comprador e vendedor, onde o comprador faz suas exigências e o vendedor
irá verificar a viabilidade de atendê-las, criando valor para ambos.
As maiores exigências de
níveis de serviço podem requerer maior nível de estoques, pessoal envolvido,
sistemas de informação, enfim, determinar maiores Custos Logísticos, com
serviços cada vez mais diferenciados. Podemos considerar que o nível de serviço
é a maior restrição existente na Logística.
Vamos exemplificar que a empresa
decida definir o nível de serviço que pretende oferecer aos clientes. Para isso
deverá definir, inicialmente, o limite aceitável de possíveis rupturas (ou
vendas perdidas), que vamos supor, por exemplo, seja de 3% (três por cento). O
nível de serviço será, então:
NS (%) = (100 - limite máximo
aceitável de rupturas)
NS(%) = (100 - 3)
NS(%) = 97%
A empresa pretende atender a
no mínimo 97% (noventa e sete por cento) das necessidades de seus clientes e,
para isso, deveria estar criando indicadores para controlar esse nível de
atendimento.
Um planejamento inadequado na
Logística, que acarrete, por exemplo, falta de produto para atender à demanda, pode resultar em
vendas perdidas, comprometendo a imagem da empresa, a fidelidade de seus
clientes, além de seu resultado econômico. A mensuração do custo da venda
perdida (custo da falta ou ruptura/stockout), em um determinado serviço,
é considerada difícil, pois, não se deve
considerar apenas a margem
perdida pelo não-cumprimento da demanda atual das vendas, mas, também, "o valor
presente de todas as contribuições futuras ao lucro não realizado, devido à perda do cliente pela falta
do produto ou pelo não-atendimento às suas exigências".
O custos de vendas perdidas (custos de
faltas/rupturas ou stockouts) que não se concretizaram, em razão de
falhas logísticas, podem ter ocorrido em função de um problema na gestão dos
estoques, tal como uma falta de mercadorias; nos desembaraços aduaneiros; nos
modos de transportes; na entrega atrasada de produtos devido às falhas na
distribuição; em cancelamentos de pedidos devido a atendimento insatisfatório;
em devoluções devido a erros de pedidos ou quaisquer outros problemas de ordem
operacional que comprometam o nível de erviço ao cliente ou, eventualmente, uma
receita em potencial a ser realizada pela empresa.
As falhas relacionam-se ao
fato de a empresa incorrer em perda anormais efetivas, decorrentes do mau
funcionamento dos elos da cadeia de suprimentos ou de algum processo logístico
que afete a qualidade do produto/serviço. Uma falha é qualquer evento que afete
a qualidade do produto/serviço ou a sua rentabilidade, tal como uma má
administração de compras ou vendas, de estoques de materiais, de prazos de
estocagem, recebimentos e pagamentos, assim como atraso na entrega de produtos
e quaisquer outros problemas operacionais.
Uma vez que a falha tenha,
efetivamente, ocorrido, existem duas situações para corrigi-la:
1 - Em uma incorre-se em
custos para a solução dessa falha, evitando, por exemplo, perder uma venda,
2 - E a outra refere-se à
perda efetivada, na qual os esforços são despendidos para reversão ou para
amenizar as consequências da falha ocorrida. A gravidade da falha pode ser
mensurada em termos monetários, representando o somatório de todos os custos
das atividades adicionais que foram necessárias para que o bem ou serviço fosse
disponibilizado ao usuário final. Por exemplo, toda empresa necessita planejar
adequadamente suas vendas, produção e compras, para que não haja nem excesso
nem falta de inventários, pois ambos os casos geram custos desnecessários,
muitas vezes ocultos (hidden costs) e não mensurados.
O custo do excesso, é equivalente ao custo de manutenção de cada
unidade em estoque, enquanto que o custo da falta é equivalente ao custo da
venda perdida. O ideal é que ocorra o equilíbrio e, para isso, as empresas
necessitam estabelecer um estoque de segurança (mínimo), para que não
ocorra a falta, bem como coordenem seus planejamentos de vendas, produção e
compras, para que não ocorra o excesso.
O estabelecimento do estoque
de segurança, ou estoque mínimo, é o risco que a empresa está disposta a
assumir com respeito à ocorrência de falta de estoque. O estoque de
segurança deve ser menor quanto maior for o custo do excesso em relação ao
custo da falta e o inverso, ou seja, deve ser maior quanto maior for o custo da
falta em relação ao custo do excesso. Para que essa definição ocorra de
maneira adequada, a empresa necessita utilizar algumas técnicas para um bom
gerenciamento dos níveis de estoque, tais como o Programa de Reposição Contínua
(Continuous Replenishment Programme - CRP), que visa à reposição
eficiente de produtos, de forma a atender à demanda do cliente sem criar
estoques excessivos ou causar faltas dos referidos produtos. O CRP envolve dois
modelos: o Vendor Managed Inventory (VMI) e o Co-Managed lnventory
(CMI), em que no primeiro o estoque é gerenciado pelo fornecedor e o
segundo tem o inventário co-gerenciado pelos parceiros na cadeia de
suprimentos.
E já que falamos em Cadeia de
Suprimentos, podemos citar vários exemplos de falhas, na Cadeia de Suprimentos:
• fornecedores com pouca
integração, alto lead time, baixa confiabilidade, dificuldade de
reprogramação e altos custos;
• suprimentos: altos níveis
de rejeição, estoques altos (gerando altos custos de manutenção de
inventários), falta de materiais (incorrendo no custo da falta), processos
inadequados;
• produção: alto lead
time, baixa utilização da capacidade, horas extras, estoques altos (que
geram altos custos de manutenção de inventários), baixa disponibilidade;
• marketing: falta ou excesso
de produtos, produtos obsoletos, erros de previsão de vendas, processamento
lento de pedidos, desconhecimento das margens;
• distribuição: necessidade
de transparência de estoques, baixa ocupação de carga, pouca otimização
logística, danos à carga e alto lead time de entrega;
• consumidor: baixo nível de
satisfação, comunicação deficiente, baixo esclarecimento, perda de mercado e
imagem "manchada".
É mais fácil buscar a
eficiência na gestão dos Custos Logísticos, minimizando os custos que a
envolvem e, ao mesmo tempo, satisfazer ao cliente, do que perder uma venda, que
seria um bom exemplo de falha incorrida no processo. A difícil mensuração
desses custos faz com que as empresas busquem soluções alternativas de avaliar
essas perdas.
Tomaremos como exemplo o caso
da Ford Motor Company, bastante divulgado na mídia brasileira, a partir de
2002, que concedeu um bônus de R$ 100,00 para quem fizesse um test drive em
alguns de seus carros e efetivasse sua compra com algum de seus concorrentes.
Esta atitude denotava que o
nível de serviço do cliente não havia sido atendido e o valor supracitado foi
considerado como o custo da venda perdida (não necessariamente pela falta).
Óbvio que imaginamos que a margem na venda de um carro seja maior do que o
valor supracitado, mas foi a forma que a empresa definiu para mensurar a perda.
Outro exemplo é a
possibilidade de as vendas serem perdidas em função da escolha do modo de
transporte ou da forma de armazenagem, que estão relacionadas à questão da
substituição de produtos.
O nível de serviço ao cliente
é um dos focos da Logística e, portanto, constata-se ser necessário que seja
contemplado o impacto das exigências de cada cliente no resultado econômico da
empresa.
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