sábado, 25 de fevereiro de 2017

O Diferencial Competitivo da Logística Reversa

Uma das mais importantes decisões estratégicas presente nas empresas modernas, face ao crescente ambiente de competitividade e de sensibilidade ecológica da sociedade, é sem dúvida a procura de soluções que agreguem valor perceptível aos seus clientes e consumidores finais. Os novos paradigmas empresariais da logística moderna, alta velocidade de reação garantida por sistemas de manufatura flexíveis e de informatização logística e alto nível de relacionamento com os clientes e consumidores finais criando ligações duradouras, estão sendo adotados na maior parte destas empresas.

Logística Reversa CompetitivaA preocupação de desempenho e qualidade do produto transforma-se em condições básicas e qualificadoras, consideradas essenciais e necessárias para participar do mercado, porém não mais suficientes, pois já tem sido observado que tais condições conferem à empresa e ao produto diferenciais competitivos por períodos de tempo cada vez mais curtos.

A preocupação estratégica empresarial desloca-se desta forma para o estabelecimento de um relacionamento eficaz com suas cadeias de suprimento, fornecedores e clientes, o “Supply Chain”, traduzido por serviços que agreguem efetivamente valores perceptíveis ao cliente e ao consumidor final, permitindo ganhos de eficiência, de agilidade de resposta à cadeia de suprimentos e o conseqüente reforço de suas  imagens corporativa e de marca, transformando-se em relações duradouras de parcerias e em fidelização à marcas, tão almejadas neste ambiente competitivo atual.

Cresce o numero de empresas líderes em diversos setores empresariais como Wall Mart, Home Depot, HP, Xerox, DuPont, IBM, Ford, GM, BMW, McDonalds, Proctor&Gamble, Siemens, para citar algumas, de diferentes dimensões e posicionadas nos diversos elos da cadeia produtiva, que criam suas próprias redes reversas ou se utilizam de existentes canais de distribuição reversos, equacionando e organizando os fluxos logísticos reversos de seus bens de pós-venda e de pós-consumo, o Supply Chain Reverso visando agregar valor perceptível a seus clientes e consumidores finais, obtendo excelentes retornos de diferentes natureza.


A Economia Reversa apresenta valores expressivos e oferece tendência crescente em função de alguns vetores que examinaremos a seguir neste artigo. Cite-se o ferro e alumínio no Brasil que representam economias de US$ 2 bilhões e US$ 1 bilhão respectivamente, em valores de preço de venda. Nos Estados Unidos o mercado de peças remanufaturadas de veículos é estimado em US$ 67 bilhões e o custo do retorno de mercadorias de pós – venda em US$ 70 bilhões no ano de 2017.

A Logística Reversa é a área da Logística Empresarial que se ocupa do retorno dos bens de pós-venda e de pós-consumo ao ciclo de negócios e ao ciclo produtivo agregando-lhes valor econômico, ecológico, legal e logístico. A figura a seguir resume as idéias dos fluxos logísticos reversos e realça alguns itens que revelam possibilidades de agregação de valor, utilizados como diferenciais perceptíveis aos clientes ou como novas fontes de lucro empresarial em cada um dos sistemas reversos. 

Fluxos Logísticos Reversos
Fluxos Logísticos Reversos – Agregando Valor 
Aspectos como a limpeza de estoques nos canais de distribuição, propiciando liberação de área de loja e sua redistribuição, ou o equacionamento do retorno e destino de produtos por qualidade ou garantia são alguns exemplos de revalorizações obtidos pela implantação da Logística Reversa de Bens de Pós-Venda. A revalorização econômica de componentes ou de materiais dos bens de pós-consumo bem como a revalorização ecológica por decisão de responsabilidade ética empresarial, são exemplos da área de atuação da Logística Reversa de Bens de Pós-Consumo.


A tendência de redução do ciclo de vida dos produtos de uma forma geral observada nas últimas décadas, motivada por avanços tecnológicos e introdução de novos materiais, por imperativos de diferenciação mercadológico, por compulsão social de consumo, pela redução de custos logísticos, entre outros motivos, é uma realidade  atualmente. Exemplos como os dos computadores e seus periféricos, dos eletrodomésticos, dos automóveis, das embalagens em geral, eletroeletrônicos e tanto outros. O esquema da próxima imagem ilustra a influência da redução do ciclo de vida dos produtos como incentivadora dos fluxos reversos.
A Importância Crescente da Logística Reversa com a Redução do Ciclo
de Vida dos Produtos 
Empresas da cadeia produtiva direta, como conseqüência desta tendência, são forçadas a aumentar sua velocidade de resposta e de distribuição dos produtos, originando crescentes quantidades de bens de pós-venda nos fluxos. Os motivos de retorno destes bens de pós-venda são a garantia da qualidade e diversos tipos de acordos comerciais, que se intensificam pela redução do ciclo de vida dos produtos.

Por outro lado, e não menos importante, a tendência de redução do ciclo de vida dos produtos aumenta a quantidade de produtos de pós-consumo, ou seja de bens duráveis ou descartáveis a serem desembaraçados e terem seu destino equacionado. A quantidade de bens descartados pela sociedade moderna têm aumentado de forma impressionante, traduzindo-se em esgotamento dos meios tradicionais de destino destes produtos de pós-consumo: os aterros urbanos e a incineração.

Estes excedentes em quantidades tornam-se cada vez mais “visíveis” para a sociedade, em aterros sanitários, em “lixões”, em locais abandonados, em rios ou córregos que circundam as cidades, e quando somados às freqüentes informações de desastres ecológicos, afloram maior sensibilidade ecológica na sociedade.

Esta vertente de preocupação - a “Sensibilidade Ecológica” - converte-se em mais um importante fator de incentivo à estruturação e organização dos Canais de Distribuição Reversos e tem sido acompanhada, reativa e proativamente por empresas e governantes, com visão estratégica variada, visando preservar suas imagens corporativas e seus negócios, enquanto governos promulgam legislações ambientais específicas.

A figura a seguir sintetiza a evolução de uma cultura do consumo, traduzida pela seqüência comprar–usar–dispor, para uma cultura sensível à ecologia, a cultura ambientalista, que privilegia o reduzir – reusar – reciclar, aflorando um novo cliente e um novo consumidor final, que leva em consideração os impactos que os produtos produzem no meio ambiente e como serão equacionados as suas destinações finais.

Cultura de Consumo
Conseqüências da Cultura do Consumo

A tendência da legislação ambiental é de utilizar o princípio “Poluidor-Pagador”, ou EPR (Extended Product Responsability), segundo o qual a responsabilidade da organização do retorno dos bens de pós-consumo e de pós-venda bem como do seu destino final é da cadeia produtiva direta.


Depreende-se, pois, existirem diversos vetores de incentivo aos canais de distribuição reversos de bens e de materiais e que o retorno dos bens de pós-consumo e de pós-venda ao ciclo produtivo e de negócios propicia revalorizações de diversas naturezas podendo ser utilizados estrategicamente como diferencial competitivo e gerando, via de regra, novos centros de lucro empresarial. 


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